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Pacóvio, a saga continua...

Escrito por Pressão |

Quem leu esta crónica, pode ter elaborado todas as opiniões possíveis, mas com certeza (espero eu) teceu opiniões baseadas em informações reais e desta forma, podem, ou não, ser concordantes com a que apresento a seguir. Contudo, este senhor, sentado no seu trono de superioridade tendo como manto o seu computador, não soube, ou não quis informar-se e decidiu apenas, de forma altamente pacóvia, reduzir a cinzas um direito que assiste a qualquer trabalhador.

Uma greve séria não tem quatro dias”. Concordo consigo, qualquer greve tem os dias contados e como tal quatro dias é uma afronta. O que o Sr. se esquece, é que grande parte dos enfermeiros trabalha por turnos, e que nem todos os turnos contam para a greve. Estava escrito no nosso “manifesto de greve” que, com certeza, o Sr. não leu.

Uma greve séria não é marcada para os quatro dias imediatamente anteriores ao feriado da Páscoa”. Aqui, deixe só relembrar-lhe que, sendo uma classe privilegiada como o Sr. afirma, trabalhamos Sábados, Domingos e feriados. Portanto, marcar uma greve que inclua ou anteceda um feriado para nós, enfermeiros com lata, é precisamente o mesmo, porque estaremos a trabalhar de qualquer forma. E Páscoa, Natal ou Ano Novo para nós é meramente uma expressão, utópica ainda por cima. Porque, no Natal (por ex.), quando o Sr. abandonou o seu trono e o seu manto para se sentar no sofá com a família, nós, tipos cheios de lata, ficámos nos hospitais com aqueles que precisavam e que podiam ser seus familiares.

Agora, Suas Excelências querem ganhar 1200 euros logo no início de carreira”. Vergonhoso!!! Ora não querem lá ver que temos a lata de pedir mais dinheiro num país em crise!?! Sr. Henrique, não acredite em tudo o que ouve na comunicação social, porque acima do dinheiro que não ganhamos (uma injustiça com 20 anos) estamos mais preocupados com a carreira que não temos!!! Sim, Sr. Henrique, os enfermeiros não têm carreira, como o Sr. afirma. Os enfermeiros podem fazer uma pós-graduação, que não são reconhecidos por isso. Os enfermeiros podem apostar no conhecimento e tirar um mestrado e recebem apenas um pedaço de papel com carimbo pelo esforço pessoal e monetário, porque carreira, como o Sr. afirma que temos, não existe. Melhor ainda... a existir, tenho de trabalhar 80 anos para atingir o topo. Acha que com 100 anos estarei apta a desempenhar funções? E, segundo a proposta da nossa ministra, apenas 10% podem chegar ao patamar superior. E o Sr. dirá: “nem todos têm pernas para lá chegar”, e aí concordo consigo: nem todos podem lá chegar, mas não existir um sistema de avaliação que nos permita – sequer – tentar é outra questão.

Dentro do hospital, o médico é superior ao enfermeiro”. Sim, se o médico tiver mais de 1,77m é superior a mim. Agora, Sr. Henrique, numa postura de prestação de cuidados não existe superioridade. Existem funções e responsabilidades diferentes e acima de tudo interdependentes. O médico tem conhecimentos que eu não tenho e vice-versa. Não queremos usurpar as funções deles, tal como, com certeza, eles também não querem usurpar as nossas. Mas se quiser estudar alguma coisa sobre o assunto existe o Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros que, em momento algum refere que os profissionais de Enfermagem querem desempenhar funções que não lhes competem.

Quando se fala com os enfermeiros, parece existir sempre uma espécie de ressentimento "classista" contra os médicos”. A minha pergunta é: em que hospital trabalha, Sr. Henrique? É que se isso acontece no seu local de trabalho, algo de grave se passa. Devo dizer-lhe, que se me desse ao trabalho, o único ressentimento que teria seria por si, porque não estudou a lição e fala do que não sabe. Porque os médicos com os quais trabalho, respeitam e apoiam a nossa greve, porque – de greve ou não – estamos 24h por dia disponíveis nos hospitais, muitos de nós com vínculo de trabalho precário e sem meios materiais.

O dr. enfermeiro já é demasiado fino para limpar o rabo aos velhinhos?” A esta questão, só uma resposta: o Sr. é tolo e gosta de se pavonear por isso! Quanto a isso nada a fazer. Se, por acaso, estiver interessado em saber os reais motivos pelos quais estamos em greve, aconselho-o a não se basear no jornal nacional.

6 comentários:

Capicua disse...

Tb li a Crónica...E assino por baixo do teu post.... Resumiste o q eu axava....

Silent Man disse...

Er.... Mai nada!

Não sou enfermeiro, nem sequer tenho emprego! Mas tou contigo!

NeZz disse...

Ainda não tinha lido a crónica...
estou chocada como tanta bosta pode sair do mesmo sitio!!!Acho que nunca vou mudar uma fralda tão suja!!!
Concordo contigo Mafas!

Geraldo Brito (Dado) disse...

Relevante...

Pedro Aniceto disse...

Obrigado! Consegui neste texto as respostas que durante algum tempo procurei sobre esta greve e que não consegui ver em lado nenhum mais serem tão bem respondidas.

maN bOwerline disse...

Passando...

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