(IM)Pressão

... o crime perfeito!

Esta foi a frase surpresa da minha mãe este Domingo. Claro que, por instantes, pensei que a senhora estava a brincar, mas para aguçar o meu desespero percebi que, com aquela expressão, não devia estar para brincadeiras.

Perguntam vocês: "que fizeste tu, desgraçada?"; "engravidaste e desconheces o paradeiro do pai?"; "assaltaste uma loja?" ; "consomes haxixe desde os 10 anos?"...

Não, meus caros! Nada disso!

Fiz um piercing!

Perguntam vocês: "no mamilo?"; "no umbigo?"; "na sobrancelha?"...

Não, meus caros! Nada disso!

Na orelha!

Ora digam lá que não é razão para um desgosto de morte!

Epá... ter um filho de um tipo que só viste uma vez? TUDO BEM!!!

Agora... fazer um piercing, ainda por cima na orelha? É um grande desgosto para qualquer um!

Para quê tentar entender?

Não é segredo que sou grande apreciadora de carros... Não sou tanto de publicidade. Mas neste caso, e desculpem que dure 2m, sou tanto (ou mais) apreciadora da publicidade que do carro.

5*

Ia eu a entrar na marginal, como quem vai para o trabalho, sem vontade, quando me deparo com um cartaz com um poema de Florbela Espanca. Era demasiado cedo para pensar. Mas quando me dizem que o cartaz é uma forma de sensibilizar para votar “não” no referendo sobre o aborto, várias foram as questões que surgiram: porque um poema de Florbela Espanca? A Sr.ª suicidou-se!!! Melhor ainda, suicidou-se no seu dia de anos! Isso já indicia qualquer coisa, não?
E sendo má! Mesmo, mesmo, muito má. A Sr.ª não precisava de ser a favor do aborto… A Sr.ª tinha abortos espontâneos!!! Podiam ter estudado melhor a biografia da senhora. Quase que me parece pejorativo usarem os seus poemas para esta causa. Ou melhor, para esta “falta-de-causa”!